Há algum tempo, gravei um vídeo sobre isso. Contudo, como bom escritor, sempre quis fazer um texto falando do assunto.
“Mande seu pastor trabalhar. Mande ele ir trabalhar e parar de pedir dinheiro.”
Você já ouviu isso (ou algo parecido), seja pessoalmente ou em vídeos, imagens, ou postagens na internet?
A ideia por trás de frases assim é que todo pastor é um vagabundo, que contínua e maldosamente explora a fé das pessoas. E tenho que admitir que, em parte, tal pensamento não deixa de ter razão para existir. Afinal, muitos, dizendo-se pastores, são realmente assim. Vagabundos, aproveitadores, mercadores da fé, etc. Esses, aproveitam a sensibilidade e os momentos difíceis que as pessoas vivem, para extorquir-lhes dinheiro, sempre em benefício próprio, em suas buscas desenfreadas por riquezas, poder e sucesso. Portanto, é compreensível que ouçamos tanto que se deve mandar o pastor ir trabalhar.
E eu concordo. Mande seu pastor trabalhar, se ele não for um pastor conforme as Escrituras; se ele for um mercador da fé; um lobo devorador de ovelhas, que suga-as ao máximo, pensando só em si mesmo, seja financeiramente ou exigindo o máximo que for possível de tempo e trabalho delas na igreja. Mande esse pastor ir trabalhar, se ele é dos que citam passagens do Antigo Testamento, para tentar provar uma obrigatoriedade, sob pena de maldição, para que as pessoas deem dízimos e ofertas, sempre com um fundo de barganha (toma lá, dá cá) para com Deus; se ele pede dinheiro, seja sob a nomenclatura que for a contribuição, sem ser só por amor, com alegria e voluntariedade. Mande ele trabalhar, se usa passagens sobre o dar com alegria, sobre promessa de que Deus devolverá, distorcendo-as para encaixar qualquer tipo de barganha, ou seja, fazendo com que a intenção de quem dá, seja receber de volta e não o amor, que não espera nada em troca; mande-o trabalhar, se ele não se cansa de usar trechos da Bíblia, distorcendo-os, de modo que possa tirar mais dinheiro das pessoas. Mande esse pastor trabalhar, se ele não passar de um charlatão religioso travestido de servo de Cristo.
No entanto, se você tem a sorte de ter um pastor segundo as Escrituras, segundo o coração de Deus (cada vez mais raros atualmente), agradeça ao Senhor e saiba que ele já trabalha muito. Tenha certeza disso. Um verdadeiro pastor não é esse tipo de pessoa, que vem sendo estereotipada, com base no comportamento de mercadores, aproveitadores e vagabundos, que se intitulam líderes espirituais.
Mas como eu sei se meu pastor é de Deus, comprometido com as Escrituras, ou um desses que eu tenho que mandar trabalhar?
O Evangelho que ele prega fala de pecado e da situação perdida de raça humana? Ele enfatiza a necessidade desesperada de todos pela obra da cruz, para salvação e não para ter uma vida melhor na terra? Ele prega sobre santificação e sobre abandonar o mundo?
Se ele for dos que só falam o que você quer ouvir e nunca confronta seus erros e pecados, seja por meio da Palavra que prega ou em exortação firme e amorosa, desconfie.
Vamos ser ainda mais práticos, para que você saiba se deve mandar seu pastor trabalhar ou se tem o dever de ajudá-lo, porque ele já trabalha demais?
Seu pastor te conhece pelo nome e sabe (ou está aberto a saber) sobre seus problemas? Ele atende suas ligações? Ele se interessa pelo que acontece na sua vida e em sua família? Responde suas mensagens? Seu pastor é sempre uma opção acessível (da melhor forma que pode) para tentar ajudar, quando você está em dificuldades? Ele sente sua falta, quando você não vai aos cultos? Em emergências, ele está disponível a abrir mão do descanso da madrugada para tentar auxiliar, do jeito que pode? Seu pastor está sempre disposto a ajudar até aqueles que o abandonaram e traíram, mas resolvem voltar e pedir ajuda?
Se as respostas acima forem sim, não mande-o trabalhar, pois ele trabalha muito mais do que você imagina. E ele é, sim, digno de que você o honre, de que você faça tudo que puder para ser alguém que o ajude em seu ministério e na igreja que pastoreia com amor. Se você recebeu de Deus a bênção de estar aos cuidados de um homem de Deus, ajude de todas as formas, inclusive financeiramente, tanto a ele, quanto a obra de Deus, que ele conduz, se você puder e com o que puder, é claro. Honre-o, pois ele trabalha muito mais do que oito horas por dia. Ele se preocupa com os problemas dele, da própria família, mas também com os problemas de todos na congregação. Quando põe o joelho no chão, ora por ele, pela família dele, pela sua família e pela família de todos na igreja. Os problemas que estão na mente dele não são só dele, são de todos todos os membros do corpo de Cristo, de cada ministério da igreja. As ações e orações dele não param, sobre o que está sendo planejado, sobre o que vai ser falado, sobre o que está sendo cantado, sobre problemas que precisam ser resolvidos, sobre irmãos que não falam com outros, sobre falta de amor, sobre falta de frutos, sobre pecado no meio da igreja. Ele se preocupa em relação à sua igreja estar cumprindo ou não o ide de jesus. Não dorme com a cabeça tranquila. Não, ele não tem fim de semana, feriado e férias. Pode viajar ou separar dias para descansar, mas se o problema for sério, ele volta, ele atende a ligação, ele telefona, responde a mensagem, e até quando está doente não consegue deixar de se preocupar, mesmo que haja outro pastor substituindo-o.
Um pastor segundo o coração de Deus nunca deixa de orar pelas ovelhas de Jesus, que estão sob seus cuidados. Geralmente, esse servo de Deus, só de olhar, consegue saber se você está bem ou não, pois ele conhece seu olhar, seu semblante, seu tom de voz. Um pastor que foi escolhido por Deus não escolheu uma profissão e uma carreira, mas foi vocacionado pelo Ele. E não há problema nenhum se colher bênçãos financeiras daqueles a quem ele ajuda e pastoreia. Sim, ele merece, se não é dos que colocam cargas nas ovelhas, tosquiando-as para proveito próprio, interessado em enriquecer, como fazem os charlatães e mercadores da fé .
Concluindo, se o seu pastor é assim, não pode trabalhar, porque ele não tem tempo para fazer mais do que já faz. E alguns, como foi meu caso por mais de dez anos (hoje ainda trabalho como escritor, mas doo 100% dos direitos autorais ao ministério), além de tudo, ainda têm seus emprego, para não serem pesados ao caixa da igreja, pensando sempre em primeiro lugar na obra de Deus, de modo que, não sendo preciso pagá-lo, nela haja mais recursos. Contudo, muitas vezes, para cumprir o chamado, não é mais possível conciliar o serviço ministerial com um trabalho secular, por falta de tempo.
Agora, se seu pastor não faz essas coisas, não te conhece, não atende suas ligações, não se interessa por sua família, não se preocupa com você, não está nem aí se você tem problemas ou não, tenha os dois pés atrás. Se ele só demonstra interesse em que você esteja na igreja, cumpra aquilo que prometeu para trabalhar no ministério egocêntrico, que ele chama de obra de Deus, e principalmente que você dê seus dízimos e ofertas e participe de campanhas, então: mande esse aí trabalhar e parar de enganar as pessoas. Isso não é pastor, é lobo devorador. E se há um lobo disfarçado no púlpito de onde você congrega, saia daí o quanto antes e peça ao Senhor que lhe mostre uma igreja em que haja um pastor de verdade, que vai caminhar com você, cuidar de você e buscar a Cristo junto com você.
Creio que você já possa responder para si mesmo, com ajuda do Espírito Santo: você deve mandar seu pastor trabalhar ou honrá-lo e ajudá-lo muito mais, por ele já trabalhar muito e, tanta vezes, não ser reconhecido?
Com amor, nAquele que é o nosso Pastor e levanta servos seus para cuidar das ovelhas que comprou com Seu Sangue,
Já conhece meus livros??? bit.ly/2olLWqA